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Após a morte da cantora britânica Amy Winehouse, quem fez uma busca pelos sites de vídeos atrás de algo relacionado a ela, certamente não encontrou nada mais bizarro do que a versão de “Rehab”, estrelada por Asusana e Alibera, as discípulas de Inri Cristo, “líder religioso” que afirma ser a reencarnação de Jesus Cristo. Mas quem são os verdadeiros realizadores dessa proeza? A canção virou “Não Diga, Não”: “O Inri é Cristo e você só quer dizer não, não, não / Pare pra pensar no que vamos falar / E então, então, então / Vamos festejar / O Inri veio pra ficar”.
Os versos são acompanhados pela imagem de uma das “cantoras” com a mão estendida na frente da câmera, dos pés de uma delas pisando na areia e da sombra da outra batendo palmas. Outros momentos fantásticos são aquele em que a mão tenta controlar as páginas da Bíblia que são movimentadas pelo vento; e o que mostra os olhos de uma das garotas por entre as folhas das árvores, para combinar com “E essa verdade você pode ver / No céu, nos olhos de alguém”.
Um desafio foi feito, então, pela equipe do Yahoo!Brasil – escrever a respeito de alguns desses mais de 30 videoclipes caseiros, denominados “versões místicas” de Inri Cristo, que circulam pela internet há mais de três anos. Logo de cara percebe-se que elas são interessantes para se observar quais são os limites desse formato audiovisual, uma vez que o que parece ser extremamente tosco e precário tende a fazer muito sucesso na rede mundial de computadores e se tornar um poderoso viral. Prova é a produção que reuniu dois dos maiores fenômenos da internet – a cantora teen norte-americana Rebecca Black e o humorista de stand comedy Rafinha Bastos, apresentador do programa “CQC”, da TV Bandeirantes. Trata-se da versão de “Friday”.
Os primeiros segundos desse videoclipe são simplesmente de cortar os pulsos. Além da voz das cantoras ser mais estridente do que a de muitas calouras do programa de Silvio Santos – elas certamente já teriam levado o abacaxi do Chacrinha –, a relação entre imagem e música é chocante. Uma das garotas aparece diante de um mural com a foto de Inri Cristo e, após o corte, surge o close aproximado num relógio cuco. Em seguida, a dupla contracena com um mapa-múndi. Porém, não há nada mais assustador do que a imagem de Inri mudando de posição no carro, para acompanhar os versos: “No banco de trás / No banco da frente / Inri é quem conduz onde vou chegar”. Resultado: mais de 500 mil visualizações entre 25 de junho e 25 de julho.
Não dá para ignorar ou fazer só críticas negativas a um fenômeno como esse. O objetivo desses videoclipes é plenamente atingido – chamar atenção para o nome e a figura de Inri Cristo, por meio do bom humor, e atrair cada vez mais fieis, o que se comprova pelo fato de que muitas pessoas topam enviar novas versões e torcer para serem escolhidas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Douglas Macch, que fez “Inri é o Rei”, versão para “Toxic”, sucesso de Britney Spears. Acredite quem quiser.
Atenção para o detalhe de que todos os videoclipes são acompanhados por legendas em inglês: “Who has the power, that is INRI / If you want to prove, you may ask / Where he has come from and what his done” (“Quem tem o poder, é o INRI / Se quiser provar, pode perguntar / De onde ele veio e o que ele fez”). Em “Toxic”, também são curiosos os efeitos sonoros e visuais nas fotografias do “mestre”, e as letras flutuando sobre fotografias de imagens espaciais e de fenômenos da natureza.
Talvez o videoclipe mais “modernoso” realizado pela turma de Inri Cristo tenha sido a versão do sucesso “Baby”, de Justin Bieber, quando uma das garotas aparece no centro da tela na imagem principal, acompanhada de quatro telas menores nos cantos – uma com a imagem do Cristo Redentor, outra de Inri Cristo tomando caldo num desses tobogãs de parque aquático, mais uma dele num dos eventos religiosos e, por fim, a dele se exercitando em barras de ferro. Também é engraçada a cena em que uma das garotas canta para ele, que aparece de perfil para a câmera e sentado sobre uma mesa de sinuca. O corte unindo duas imagens de uma das “cantoras” fazendo “ooooh” é sensacional.
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